domingo, 9 de fevereiro de 2014



Hoje talvez tenha assistido ao momento mais doloroso que já mais alguma vez assisti na minha vida alguém passar.
Uma mãe agarrada ao seu filho já morto,gritando no desespero da sua dor

- NÃO VOU OUVIR MAIS; CHAMAREM-ME DE MÃE...
- PORQUE DEUS NÃO ME LEVOU JUNTO
- ESTOU VELHA, É O TERCEIRO FILHO QUE ME MORRE NOS BRAÇOS 
-O QUE FICO AQUI A FAZER VELHA E SOZINHA
-DEUS LEVA-ME POR FAVOR


Que vida esta, que desígnios tão cruéis para esta boa mulher, de lenço preto vestido e cara e mãos já tão marcadas de uma vida inteira.
Não deixei de me lembrar do poema de Fernando Pessoa, " O Menino de sua Mãe ".
Por mais que o meu coração pedisse para aliviar-lhe a dor, aquela dor eu  não consigo entender,acreditar nem imaginar nem chegar perto. 


No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado-
Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos

Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho unico, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe

Fernando Pessoa


sábado, 16 de abril de 2011

António

António !!! António para mim era um amigo e alguém sempre presente com muito boas lembranças de companheirismo e generosidade.

António sempre, um misto de alegria, 
simplicidade, juntamente com a tristeza e nostalgia, diria quase uma "Tristeza Bonita" que o acompanhavam.
Uma pessoa com um imenso talento e com uma sensibilidade extrema, sentia todas as pequeninas coisas da vida, talvez por isso penso que se tenha afastado do mundo e 
das pessoas que de alguma forma o podiam magoar ou que ele, de alguma forma poderia magoar, não queria sofrer nem fazer sofrer, acho que foi sempre esta sensibilidade que fez de António a pessoa irrequieta e de conflitos constantes no seu interior, que lhe dava aquele olhar só dele, quase como uma criança perdida, junto a isto, é claro a sua teimosia, de alguém que pode dizer que sim a tudo, mas que fazia sempre a primeira coisa que lhe vem a cabeça. António eram só  coração e instinto e viveu a vida de acordo com aquilo que era e com aquilo que sentia e acreditava, nem todas as pessoas tem coragem de o fazer, geralmente as pessoas acomodam-se e perdem os seu sonhos e escondem-se a traz de capas de felicidade que não existe, 
António não, tinha a inquietude de um artista, na busca sempre de algo profundo e que o fizesse sentir vivo, não se acomodava, não interessava ao certo, se tinha dinheiro ou se vivia bem ou mal, ou nem se quer como vivia, mas os sonhos e as ideias,essas, não podiam esperar, isso a meu ver dava-lhe quase como uma característica de alguém que tem claustrofobia,não de estar fechado num local. 
António sem duvida era um Homem do mundo, mundo esse, que acho, que muitas vezes era pequenino para ele !!

quinta-feira, 31 de março de 2011

Encontros


O encontro !!! Cada encontro tem algo ou muito que se lhe diga, encontro de olhares, de gestos, de palavras, encontro que nos ensina, encontro que nos confronta com os outros e com os nossos próprios medos, encontros muito breves, encontros de alma e eternos. Seja qual for o encontro, mesmo que este seja com o nosso eu..., as emoções explodem e tem de ser entendidas, percebidas, acalmadas, para que o coração possa bater sem sobressaltos, para que os nós na garganta se....... desfaçam, para que o peso no peito se desvaneça. Para Amar e poder ser Amado !!!


escrito a 8 de Setembro de 2010

Ao Lado



Percebi na vida que o importante não é estar nem a cima nem a baixo de minguem, que ter poder, quer seja ele material ou espiritual, não tem qualquer valor enquanto poder, pois o mais importante de tudo, nesta vida, é estar, é ser e ficar ao lado !!! É por isso que hoje, agradeço de coração, a todos os amigos que em algum momento estiveram ou que estão ao meu lado, prontos a partilhar e a construir, prontos a dar e a receber, prontos a verem o melhor de mim e a dar-me uns belos de uns safanões, quando é preciso, prontos a verem-me e a fazer ver-me, prontos a crescer juntamente comigo, é por isso também que sou imensamente grata à vida e a Deus, porque no meio de tantas peripécias da vida sempre tive amigos de coração, de amor, de luz e de verdade ao meu lado !!!                                    


♥♥♥ imensamente Grata a todos ♥♥♥


Escrito a 28 de Março de 2011 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Contos do Oriente




Angustiado, o discípulo foi visitar o seu mentor espiritual e perguntou-lhe com uma voz desanimada:

- Como me posso libertar, venerado mestre?
O preceptor respondeu :
- Meu Amigo, e quem é que te prende senão a tua mente ?





sábado, 16 de outubro de 2010

Hoje escrevo para Portugal




Onde estão os poetas?

Onde está a poesia?
Que antes não se escondia!
Que antes se partilhava e sentia!
A cada mesa, a cada esquina,
A cada mão estendida.

Onde está o poeta?
Que entre tristezas e sorrisos,
A sua alma transmitia.
Será que Portugal deixou...
De ...sonhar, de amar, de sentir,
Ou simplesmente perdeu a sua voz,
Talvez tenha deixado sua alma partir,
Como quem espera o dia....

Ficou o silêncio e os olhares disfarçados,
De quem teme que se sinta o que se sente,
De quem sente sem querer sentir.

Ó Portugal Amado!
Onde ser “poeta é ser mais alto “
Onde se Grita "....e é amar-te assim perdidamente.."
Onde, Pessoa falava de suas cartas de amor
Onde realmente a alma não era pequena. 

Silêncio.....Silêncio não!
Sintam! Sonhem! Partilhem !
E talvez assim, quem sabe, Portugal,
Possa, um dia volte a ser poesia.


Escrito a 27 de Março de 2010

Humildade

Se me pedires, ou mesmo que não o faças, por-me-ei de joelhos, colocarei as minhas mãos sobre teus pés e baixarei a minha cabeça perante ti, entregar-me-ei a este acto com toda a humildade que possuo e pedirei que recebas este acto com a mesma entrega e a mesma humildade, para que dele nasça a partilha entre o meu dar e o teu receber, para que desta partilha se gere o amor incondicional, a humildade do dar e do receber num só acto. 

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Há momentos na vida em que sentimos a necessidade de expressar o que de mais profundo sai da nossa alma, talvez este seja um processo interno de cura, de alívio de desprendimento de memórias e sentimentos, emoções esquecidas no tempo, perdidas na imensa confusão, pressas e fugas da nossa vida. Quando se decide não fugir mais, sermos o que está aqui dentro aqui bem no fundo, mesmo que doa aos outros e a nós mesmos, quando decidimos enfrentar os nossos medos e quebrar os nossos próprios sistemas de fuga, aparentemente passamos a ser guerreiros mais frageis mas, no fundo, somos só guerreiros mais expostos, onde ganhamos coragem de estar bem à frente, na primeira linha da batalha da nossa vida, no sentir da nossa alma, no sentir dos outros, na gratidão profunda de cada puro momento de vida.